Quanto custa a sua dor? O acesso a morfina em cuidados paliativos.
Catarina Heidrich Scotto dos Santos, Louise Lasta Klatt, Gabriela Waterkemper Tasca, Amanda Rossoni Trentin, Manuela Simões Pires Martins, Tiago Maas
Universidade Católica de Pelotas
Introdução
A dor é um dos sintomas mais comuns e debilitantes em cuidados paliativos, comprometendo significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O manejo eficaz é crucial para proporcionar conforto e alívio do sofrimento, sendo necessário, em muitos casos, o uso de opioides, dos quais a morfina é um dos principais medicamentos recomendados pelas diretrizes internacionais para o controle de dor. No Brasil, embora o SUS garanta o acesso à morfina por meio do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, o processo burocrático pode atrasar a obtenção do medicamento por dias ou semanas, prolongando o sofrimento dos pacientes, especialmente para pacientes sem condições financeiras de adquiri-lo, por conta do seu custo.
Objetivo
Este estudo tem como objetivo estimar o custo mensal do tratamento da dor com morfina, destacando o alto valor e o impacto financeiro significativo no orçamento familiar.
Materiais e métodos
Realizou-se uma pesquisa online em diversos sites de farmácias para obter o preço da morfina nas apresentações mais comuns: comprimidos de 10mg e 30mg. Considerou-se a dose usual de um comprimido a cada quatro horas, sem medicações de resgate ou adicionais. Com base nessas informações, foi calculado o custo mensal do tratamento e sua relação com o salário-mínimo nacional.
Resultados
O preço médio encontrado para uma caixa de morfina 10mg com 50 comprimidos foi de R$ 50,00, enquanto a caixa de 30mg custou R$ 130,00. Com o uso regular a cada quatro horas, seriam necessárias quatro caixas por mês, resultando em um custo mensal de R$ 200,00 para a dose de 10mg e R$ 520,00 para a dose de 30mg. Em relação ao salário-mínimo de R$ 1.412,00, isso equivale a 14% e 37% do valor, respectivamente.
Conclusões
O uso de morfina, mesmo por curtos períodos, traz custo elevado e impacto financeiro significativo ao orçamento familiar, especialmente considerando que grande parte da população brasileira vive com até um salário-mínimo. Tal valor é subestimado, já que, muitas vezes, são necessárias doses de resgate de morfina e/ou outras medicações, como laxantes e antieméticos, para controlar efeitos colaterais. Faz-se necessária a melhoria de políticas públicas de acesso a essa medicação.
Comissão Organizadora
Simone da Fonseca Sanghi
Renata Cunha da Silva
JULIETA CARRICONDE FRIPP
Comissão Científica